Médium, Mediunidade e Obsessão II

26 de Maio de 2014 0 Por JORGE Baldez

        No artigo de mesmo título Médium, Mediunidade e Obsessão I citamos preocupantes advertências de Allan Kardec referentes à obsessão e à mediunidade. Ele afirmou: a obsessão é um dos grandes tropeços com que esbarra o Espiritismo; e, o grande escolho da mediunidade é o médium imperfeito. Portanto, o mestre de Lyon, sabia das inúmeras dificuldades que a prática do Espiritismo apresentava, por isso, foi incansável – alertando-nos!…
Essa combinação de médium imperfeito e mediunidade atormentada gera um gravíssimo problema: a obsessão, que de acordo com a definição clássica de Allan Kardec no livro dos Médiuns: “Obsessão é o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas.” Assim, uma mediunidade atormentada nada mais é do que um médium sintonizado com o mal. O médium assemelha-se a um filtro que assimila somente aquilo a que se afeiçoa.
Partimos do princípio de que tem que existir correntes de pensamentos em uma mesma faixa vibratória para determinar a sintonia, ou seja, uma mesma identidade de vibração.
No Livro Mecanismo da Mediunidade há uma citação muito elucidativa: “A corrente mental é suscetível de reproduzir as suas próprias peculiaridades em outra corrente mental, que se lhe sintonize – mentação indutiva – atraindo para si mesma os agentes de luz ou sombra, vitória ou derrota, infortúnio ou felicidade.”
Allan Kardec diante de um tema tão complexo, quanto a obsessão, usou com brilhantismo seus recursos didáticos, pois, partiu de um termo genérico como é a palavra obsessão, até a classificação das suas principais variedades: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação. Nesse sentido, podemos dizer que tudo se inicia com uma obsessão simples, podendo evoluir até a obsessão por subjugação – que é a etapa final do processo degenerativo das obsessões.
Allan Kardec preferiu o termo subjugação à tradicional palavra bíblica – possessão, pois a palavra possessão dá ideia de que o Espírito apodera-se do corpo, entrando no corpo como a água em uma garrafa – o que não é verdade. Na realidade qualquer que seja o estágio do processo obsessivo: obsessão simples, por fascinação, por subjugação o fenômeno se dá de perispírito a perispírito, ou seja, o perispírito do obsessor e o perispírito do obsidiado.
Entretanto, no livro A Obsessão de autoria de Allan Kardec, embora não gostasse desse termo, por motivo já explicado, mas rendeu-se ao fato de que, em alguns casos, tudo se passa como se realmente fosse uma possessão.
Allan Kardec escreve no capítulo intitulado: Um caso de possessão, o seguinte: Temos dito que não havia possessos, no sentido vulgar do vocábulo, mas subjugados. Voltamos a esta asserção absoluta, porque agora nos é demonstrado que pode haver verdadeira possessão, isto é, substituição, posto que parcial, de um Espírito errante a um encarnado.
Eis um primeiro fato, que o prova, e apresenta o fenômeno em toda a sua simplicidade.
Várias pessoas se achavam um dia em casa de uma senhora médium-sonâmbulo. De repente, esta tomou atitudes absolutamente masculinas. A voz mudou e, dirigindo-se a um dos presentes, exclamou: “Ah! meu caro amigo, como estou contente de te ver!” Surpresos, eles se perguntaram o que isto significava. A médium continuou: “Como, meu caro, não me reconheces? Ah é verdade; estou coberto de lama! Sou Charles. Quando declinou o nome, os presentes se lembraram de um senhor, morto meses antes, de um mal súbito, à beira de uma estrada. Tinha caído num fosso, de onde o haviam retirado, coberto de lama. O Espírito declarou que, querendo conversar com seu velho amigo, aproveitou o momento em que o Espírito da médium senhorita Julie, a sonâmbula, estava afastado do corpo, para tomar-lhe o lugar, apoderou-se do corpo da médium. Kardec ressalta que, nesse caso, a possessão é evidente, embora fosse uma possessão inocente, pois o Espírito era bom e benevolente.
No capítulo XXIII do Livro dos Médiuns lemos: “Uma percentagem significativa de pessoas internadas nos sanatórios não tem loucura, mas obsessão.”
Nas últimas linhas do Evangelho segundo o Espiritismo(ESE) encontramos: “Uma obsessão prolongada pode transformar-se em loucura.”
Por isso é que depois de transcorrido algum tempo é muito difícil fazer-se a diferença se a loucura é de origem psíquica ou de origem obsessiva, porque se confundem, pois a ação se passa nos neurônios, na glândula pineal, no SNC (sistema nervoso central) e os sintomas geralmente são semelhantes e perturbadores. Então, é melhor pensar nas duas possibilidades e fazer o tratamento psiquiátrico e espiritual.
Lembremos sempre do ESE que é textual: “A mediunidade não é uma arte, nem um talento, pelo que não pode tornar-se uma profissão. Ela não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não há mediunidade.”
O cérebro não produz pensamentos, mas reproduz os pensamentos que são gerados pelo Espírito. Portanto, pensamentos, corrente de pensamento, sintonia, vibração, faixa vibratória e identidade vibratória são expressões que se manifestam no campo áurico, ou seja, no campo de energia que está em volta do médium para estabelecer-se o fenômeno mediúnico.
O trabalhador espírita, principalmente o que pretende ou já participa das reuniões mediúnicas deve ler a mais notável obra que jamais se publicou no campo da parapsicologia – que não pode ficar presa na estante entregue às traças – deve ser estudada, debatida e compartilhada – O Livro dos Médiuns.
Estude e previna-se de uma mediunidade atormentada; ou de ser um médium irresponsável…