Médium, Mediunidade e Obsessão III

26 de Maio de 2014 2 Por JORGE Baldez

     No museu de arte de Indianápolis nos EUA está exposta uma pintura datada de 1695 com a assinatura do pintor germano-neerlandês Ludolf Backhuysen (Bakhuizen) intitulada: Cristo na tempestade no mar da Galileia.
Segundo o evangelho de Marcos 4: 39-41 – Jesus e seus discípulos estavam cruzando o Mar da Galileia num barco, em um final de tarde, quando foram atingidos por uma ameaçadora tempestade: ventania e ondas ameaçavam afundar o barco.
Jesus dorme tranquilo, enquanto, os apóstolos agitados e temerosos, resolveram acordá-lo. Logo Jesus, o Mestre que vivenciava a verdadeira paz, ignorava a agitação ambiente, porque estava em outra sintonia vibratória, pois estava muito além dos medos e tormentos humanos, completamente alheio à agitação da natureza e à tempestade íntima, que atormentava seus discípulos. Então, simplesmente, disse ao mar e ao vento: Cala-te! Emudece! Cessou o vento, e houve grande bonança.
Nós os seres humanos em estágio evolutivo aqui na Terra e especialmente, os médiuns que utilizam a sua mediunidade a serviço de Jesus, devemos investir no nosso aperfeiçoamento moral, reeducando sentimentos, pensamentos, palavras e ações – afinando a nossa alma para estabelecermos a nossa melhor sintonia vibratória. Enquanto claudicamos em altos e baixos na afinação do nosso instrumento espiritual, necessitamos de bons mecanismos para nos auxiliar a elevar a nossa sintonia e condição vibratória.
Quias mecanismos? – Oração, meditação, evangelho no lar, música suave, leituras edificantes, estudo sempre…
Nós temos, portanto, um grande compromisso com a vida, tanto física quanto espiritual. O corpo físico merece a nossa melhor atenção, pois é um empréstimo divino, que o PAI nos concede, tantas vezes quantas forem necessárias. É um instrumento da evolução espiritual aqui na Terra, pois nesse vaso físico está plantada a essência da vida que é o Espírito. Temos que preservá-lo, pois ele nos proporciona na escola do planeta Terra, a nossa reconstrução, a nossa reeducação. O corpo físico, segundo São Francisco de Assis é o nosso “jumentinho”, carregando as nossas mazelas nos caminhos da vida.
O Espírito é o princípio inteligente do universo – questão 23 do Livro dos Espíritos.  É uma flama, uma chama, um clarão, uma centelha etérea – questão 88 do Livro dos Espíritos. O Espírito tem começo, mas não tem fim – é eterno. É o Espírito que possui: Inteligência – sede da razão; Consciência – sede das Leis Divinas; Livre arbítrio – que nos dá a responsabilidade de distinguirmos entre o bem e o mal.
É nessa interação do corpo físico e espírito, que o organismo humano qualifica-se como uma estrutura mediúnica. Portanto, as células do nosso corpo têm que ser sensíveis à química para atender às necessidades do organismo. Por exemplo: ao levantarmos pela manhã sentimos um peso na bexiga, que é vontade de urinar; quando o estômago fica vazio – sentimos fome. Então as células têm que ser sensíveis à química, ao biológico.
O organismo humano precisa ser sensível também ao nosso espírito, quando você se preocupa, se emociona ou se irrita e se assusta o coração bate rápido, acelera; quando as emoções são negativas vem a tristeza e choramos ou até mesmo, desencadeamos um quadro depressivo…
O ser humano tem, portanto, duas faces: uma face que é sensível ao corpo físico e outra sensível ao espírito. Havendo por si uma estrutura mediúnica, que serve de intermediário aos dois mundos.
Permito-me relembrar, aqui, um fato da vida, acontecido há alguns anos, que servirá não só para alertar-nos, mas é importante também para o nosso aprendizado. Um casal de amigos, ele, bioquímico e ela enfermeira – tiveram o primeiro filho. O recém-nascido começou a apresentar uma grande sonolência, intercalada por momentos de irritabilidade. Os pais, naturalmente buscaram ajuda médica, porém não foram bem sucedidos. Então, no clímax do desespero, uma amiga do casal e espírita afirma aos pais que os sintomas apresentados pela criança eram de origem espiritual. Tratava-se de um fenômeno obsessivo, logo, havia necessidade de irem buscar ajuda em um Centro Espírita e meses se passaram, entre passes e desobsessão. A esperada melhora, no entanto, não veio, e, contrariamente, os sintomas do recém-nascido não cessavam de piorar.
Para felicidade da criança e dos pais, alguém lúcido e objetivo, que devota a sua mediunidade a serviço de Jesus falou categoricamente aos pais: “Essa criança não tem obsessão, leve-o ao médico.” Os pais buscaram outro profissional e o diagnóstico não tardou – Hipotireoidismo.
É muito importante sabermos que antes de encaminharmos uma pessoa para tratamento espiritual devemos primeiramente cumprir as metas da Medicina oficial, isto é, o diagnóstico correto, a medicação certa. Se for necessário, encaminhe a um Psicólogo espírita ou ao Psiquiatra espírita para uma avaliação. Somente após tal procedimento aconselhamos o tratamento espiritual.
O Dr. Sérgio Felipe costuma dizer que o primeiro espírito que devemos receber é o nosso EU profundo, SELF, ou seja, nós mesmos e isto significa saber por quais motivos estamos aqui na Terra. Enfim, qual a nossa missão, a nossa tarefa, a vocação, nossas limitações, potencialidades e possibilidades. E, acima de tudo, mantermo-nos conscientes das nossas responsabilidades perante a vida material e espiritual.