Jesus ou o refrigerante?

13 de Agosto de 2012 4 Por JORGE Baldez

                           Os seres humanos, aqui no planeta Terra, no vai e vem do dia a dia, em sua maioria, consagram generosas cotas de energias ao labor que nos recompensam com o ganho material, que provê o sustento: moradia, vestuário, alimentação, plano de saúde, educação dos filhos, que se somam a tantos outros supérfluos, frutos do mundo tecnológico do momento atual. Destarte, o homem terrestre vive como se somente a roupagem de carne  fosse invólucro único, a essência, a qual se deve dispensar toda a atenção e nada mais!…
Mal cogitamos, apesar de dispensarmos algum tempo aos cultos religiosos nos finais de semana, do conhecimento de nossos infinitos potenciais. Somos criaturas ainda cristalizadas por ações essencialmente terrenas. Cultuamos o corpo com ginásticas e práticas de esportes, ávidos de preservar a juventude; a plástica em busca da beleza, na esperança de retardar o envelhecimento, que inexoravelmente aflora em nossa pele. Incontestavelmente, reconhecemos os exercícios físicos orientados como fontes valiosas de saúde; as plásticas reparadoras como benção na saúde orgânica e psíquica do ser humano, mas, infelizmente nos esquecemos da alma!…
“São muito raros ainda, na Terra, os que reconhecem a necessidade de preservação das energias psíquicas para engrandecimento do Espírito eterno.” (1) Nós esquecemos que Jesus ensinou-nos a cultuar a virtude como verdadeiro exercício para alma e plástica real de nossas deformidades. Seguir, aceitar Jesus são expressões, que significam, apenas, a adesão a ELE, verbalmente, e , isso não basta…
Lembro-me de um fato muito significativo que presenciei, há alguns anos, mais precisamente há 36 anos. Eu era estudante do 5º ano de medicina. Estagiava no Hospital Geral. Em uma manhã de domingo, o sol derramava os seus raios sobre a ilha, iluminando-nos, aquecendo-nos para um convite quase irresistível a um banho de mar. Encontrava-me examinando pacientes na 1ª enfermaria, quando um grupo de jovens, impecavelmente vestidos, aproximou-se de um paciente que estava ao meu lado. Eram quatro jovens com idades entre 20 a 30 anos – um deles parecia coordená-los. Ele apresentou a todos nominalmente, declinou a religião a que pertenciam e leu em alto e bom tom um salmo da Bíblia que, devido a minha alienação religiosa na época, não consegui identificar – logo a seguir fizeram comentários sobre o salmo. Agora, eu pensei, eles irão embora e, eu poderei concluir a minha tarefa e partirei rumo às areias escaldantes das nossas praias. Entretanto, algo inusitado para mim, ainda, ia acontecer – um dos rapazes, aproximou-se do enfermo e entusiasmado como se já soubesse a resposta perguntou-lhe:
– Sr. Mariano, o senhor aceita Jesus?
-“Se o ‘sinhô’ tá me oferecendo o refrigerante, eu aceito, mas Jesus da religião o ‘sinhô’ não pode me oferecer, porque ELE é de todos nós, não pertence a ninguém.” Uma resposta simples, sábia e profunda, que abala o partidarismo religioso, confronta a fé cega e sem raciocínio.
Há por todo o planeta, os cultos, as doutrinas mais diversas e quantos analfabetos do Espírito! Não basta apenas aderir verbalmente, presenciar fenômenos, fazer proselitismo, doutrinar consciências alheias, conquistar aplausos da opinião pública com atitudes de superfície ou oferecer Jesus, como se fosse refrigerante.
É fundamental compreendermos que todos nós, independemente do culto religioso, somos filhos de DEUS, que “o aceitar a Jesus” não se limita somente à palavra, mas ao convite que transforma a consciência, sensibiliza o coração, reeduca os sentimentos, mobilizando, assim, energias novas para o trabalho construtivo, aplicando-os nos serviços do bem, que vivificam a solidariedade, a fraternidade, a compaixão e a caridade, que é o amor em ação.
É fundamental entendermos que estamos matriculados na escola benemérita da Terra – alunos primários, onde precisamos aprender a elevar-nos, não o corpo que perece, mas o espírito que é perene.
É fundamental conscietizarmo-nos, que a ginástica da alma só pode ser realizada na academia do Evangelho de Jesus e que os exercícios não duram uma hora alguns dias da semana, mas uma longa e laboriosa jornada de renúncia e dedicação aos mais necessitados.
É fundamental sabermos da nossa responsabilidade perante a vida e que a maior surpresa da morte do corpo físico é a de nos colocar face a face com a vida espiritual e com a própria consciência.
A luta humana na jornada terrena representa um ato no palco das nossas existências – uma nova oportunidade de registrar experiências no livro da alma, aproveitando-a com atitudes dignas, pois os nossos passos, em qualquer escola religiosa, devem nos conduzir, sempre e verdadeiramente a Jesus.
Como citou o espírito Emmanuel em Pedro Leoplodo, no prefácio do livro Nosso Lar em 3 de outubro de 1943, através da mediunidade abençoada de Francisco – Chico Xavier: ” Em nosso campo doutrinário, precisamos, em verdade, do Espiritismo e do Espiritualismo, mas, muito mais, de Espiritualidade.
Muita Paz.

1- Nosso Lar – pelo Espírito André Luis – Francisco C. Xavier.