Aborto: um crime estarrecedor

30 de Dezembro de 2012 4 Por JORGE Baldez

                      A vida é o maior patrimônio de todos os seres no planeta Terra, presente, desde os chamados inanimados, onde átomos e moléculas se afinam, unem-se, construindo verdadeiras obras-primas no reino dos minerais; ela alcança a sensiblidade nos vegetais; desperta o instinto no reino animal; atinge na fase hominal a razão, faculdade que nos permite avaliar, julgar, ponderar ideias, raciocinar em termos de bom senso, prudência, inteligência e justiça.
Entretanto, somos nós mesmos, complexos seres biopsíquicos, os responsáveis pelas mais bárbaras agressões à vida. Produzimos ferimentos profundos e que sangram no organismo social da humanidade. Não sabemos se aperfeiçoamos a ciência de curar ou se desenvolvemos a arte de exterminar. Promovemos as guerras, decretamos a escravidão, institucionalizamos a prostituição, praticamos homicídios, destruição da natureza, produzimos tóxicos, poluição, miséria, fome e provocamos o ABORTO – um crime estarrecedor e covarde, porque a vítima não tem voz para suplicar piedade e nem braços robustos com que se confie aos movimentos de reação.
Tudo isso, porque o homem e a ciência, obstinadamente, teimosamente, tem buscado decifrar somente o complexo orgânico, o corpo, ignorando a alma, e desconhecendo o seu conteúdo espiritual e sua sobrevivência além da vida corpórea. Da mesma maneira que a ciência materialista afirma categoricamente que a memória e o pensamento são frutos da elaboração do cérebro físico, acha também que a fecundação e a embriogênese humana são frutos da bioquímica celular e nada mais!…
Ignoramos toda a contribuição que a Doutrina Espírita nos tem propiciado há cerca de mais de um século, esclarecendo-nos que o pensamento é o atributo do espírito e os registros da memória estão localizados no perispírito, ou seja, no corpo espiritual do ser e não nos neurônios do cérebro humano; assim também como a bioquímica celular é apenas um dispositivo capaz de propiciar condições para a atuação da energia espiritual no corpo físico ou material e nunca a condutora, a regente da fecundação e da embriogênese humana.
Felizmente, a Doutrina Espírita não está sozinha em suas afirmações, pois o grande fisiologista Claude Bernard, em sua época, já tinha percebido a força diretora do perispírito quando afirmou: “Na embriogênese humana há uma ideia dirigente, uma ideia diretriz que transcende às células genésicas, aos hormônios e ao bioquimismo celular.”
Em 18 de março de 1926. o Dr. Hans Driesch em seu discurso de posse como presidente da Sociedade de Pesquisa Física, confessa:”Embora não tivesse dúvida quanto à operação das forças da matéria nos processos biológicos admitia que houvesse alguma coisa mais, dirigindo essas forças materiais.”
Durante cerca de 40 anos, o Dr. Harold Saxton Burr, professor, médico da cadeira de Anatomia da Universidade de Yale, pesquisou certos campos eletrodinâmicos, no seu entender, eram os controladores dos processos biológicos e chamou referidos campos de fields of life (campos de vida). Afirmou que todos os seres vivos são moldados e controlados por estes campos eletrodinâmicos. Acrescentou ainda: “Estes campos eletrodinâmicos comprovados cientificamente através de instrumentos eletrônicos são provas evidentes de que o homem não é um mero acidente; pelo contrário, ele é uma parte integrante do Cosmo, sujeito às suas leis e um participante no destino e objetivo do universo.”
Portanto, o perispírito da Doutrina Espírita é a ideia diretriz do fisiologista Claude Bernard; é alguma coisa mais do Dr. Hans Driesch; são os campos eletrodinâmicos do Dr. Harold Saxton Burr. O perispírito é o arquivo que contém as matrizes psíquicas que determinarão no corpo físico – o nosso sexo, a nossa saúde, as nossas doenças, aptidões, vocações, etc.
Quando o espírito prepara-se para retornar ao mundo físico, meses antes da concepção, ele já está em processo de sintonia fluídica com os seus futuros pais, em especial com a mãe. O espírito reencarnante vai preparando-se para o processo de retração do seu organismo periespiritual e vai sendo envolvido, progressivamente, pela tela periespiritual da mãe.
O Espírito André Luiz, em Missionários da Luz, cap. 13 e 14, pela incomparável mediunidade do nosso Chico Xavier, descreve minuciosamente como se processa a reencarnação, exemplificando um caso de “fecundação assistida” por construtores espirituais.
Vemos ali como os construtores espirituais agem, selecionando, dentre milhões, o espermatozoide que vai unir-se ao óvulo. A narração é de incomparável sublimidade e poesia, posto que o próprio momento da fecundação já o é também.
É um instante de amor, aquele em que o filho se une à mãe, “como a flor se une à haste quando passa a ser alma da própria alma, aquele que será carne da própria carne.”
Dessa maneira, quando a célula masculina, o espermatozoide, fecunda a célula feminina, o óvulo, nesse momento dá-se a ligação do espírito, cujo perispírito concentrará em si a matéria que lhe chegará através do útero materno, iniciando-se a formação do corpo físico, cujo modelo é o perispírito do espírito que está reencarnando, portanto a composição é do espírito e sob a sua regência, executa-se a maior sinfonia da vida – que é a formação de um ser humano no útero materno.
Logo, a operação abortiva não destrói um ser sem vida, não elimina uma excrescência do útero, mas um ser vivo, animado de espírito eterno, buscando nova oportunidade na escola terrestre.
A mãe manda retirar violentamente o organismo fetal do seu ventre, eliminando a vida física, mas não consegue destruir o espírito reencarnante, o qual muitas vezes permanece profundamente arraigado à tessitura perispiritual da mãe, fazendo-a sofrer disfunções orgânicas e até mesmo um processo obsessivo agudo e grave que poderá conduzi-la ao desequilíbrio mental.
É bom esclarecer que a mulher não é a única culpada, mas todos os seus cúmplices, que direta ou indiretamente participaram deste crime tenebroso contra a vida. Ante a queda moral pela prática do aborto não se busca condenar ninguém. O que se pretende é evitar a execução de um grave erro, de consequências nefastas, tanto individual como socialmente, como também sua legalização. Como asseverou Jesus: “Eu também não te condeno; vai e não tornes a pecar.” (João, 8:11).
Enquanto os nossos irmãos na dimensão espiritual esforçam-se num trabalho de grande dedicação e amor, preparando-nos para o retorno à vida terrena nós cometemos a vileza do ato doloroso e covarde do aborto, aniquilando vidas; retardando o processo sublime e misericordioso da reencarnação.
Vamos dizer NÂO AO ABORTO CRIMINOSO, relembrando que a única condição permitida para a prática abortiva, segundo a Doutrina Espírita é quando há risco de vida para a mãe. Vamos dizer não ao aborto criminoso, relembrando a mensagem do Espírito Joanna D’ Ângelis: “Diante da tentação do abortamento criminoso, opta pela oportunidade de manter o filho. Já que não podes consultar se ele gostaria ou não de ser assassinado, faculta-lhe a bênção da reencarnação e ama-o, seja qual for a circunstância em que te chega.”
Bibliografia:
– Livro dos Espíritos.
– Religião dos Espíritos. “Aborto delituoso”, Ed. FEB. Francisco C. Xavier, pelo Espírito Emmanuel.
– Genética e Espiritismo, “A genética e a vida”, Ed. FEB. De Eurípedes Kühl.
– “O aborto na visão espírita” Reformador, fev. 2000.