Espíritas, uni-vos!
Todos nós que participamos do movimento espírita, temos a grande responsabilidade quanto ao estudo, divulgação e prática da Doutrina Espírita – tarefas que, se analisadas criteriosamente, ao longo do tempo, não vêm sendo desempenhadas a contento.
No entanto, mais preocupante ainda, é constatarmos a frequência cada vez maior de pessoas em nossas casas espíritas, quase sempre em busca de orientação e consolo e não percebermos nem um ponto de luz, sinalizando qualquer mudança no sentido de nos prepararmos melhor, para o desempenho dessas importantes tarefas. Obviamente que exceções existem, raras, a bem da verdade, formando pequenas ilhas de seareiros, mas distantes ainda de reunirmo-nos em um grande arquipélago, pois falta-nos, em essência, uma conquista fundamental – UNIÃO.
Esclarecemos, fazemos palestras, orientamos e esforçamo-nos em consolar com o atendimento fraterno, damos passes, encaminhamos para assistência espiritual, ou seja, utilizamos todos os recursos que a lógica doutrinária nos proporciona para servirmos àqueles que nos confiam os seus problemas, mas ainda não conseguimos ascender com esse movimento espírita, apesar de a maioria propalar, a todo o momento, a unificação – não conseguimos vivenciá-la.
Por vezes, faço comparações das religiões, com o espiritismo e concluo que nós somos do mesmo nível ou até mais complicados. Certamente, que não me refiro aos fundamentos da Doutrina Espírita, pois estes são irrefutáveis, lógicos, esclarecedores e consoladores, mas a comparação refere-se ao aspecto comportamental dos indivíduos, à aplicação dos ensinamentos evangélicos no relacionamento interpessoal dos participantes de cada movimento.
Enquanto irmãos de outros credos são movidos por ideias sectárias, dogmáticas, proselitismo, profissionalismo religioso,pregando: “Fora do templo não há salvação”, unindo-se em torno de um ideal cristão equivocado, mas unindo-se; nós, que nos dizemos espíritas esclarecidos, libertos de dogmas, sectarismo, proselitismo, profissionalismo religioso, afirmando: “Fora da caridade não há salvação”, ainda não somos capazes de unirmo-nos em torno do ideal espírita, pois estamos sempre colocando os nossos melindres e personalismos em primeiro plano.
Acontece que cuidamos mais em criticar os que estão trabalhando e realizando algo, e não nos preocupamos com as nossas pequenas tarefas. Desta forma, um clima de insastisfação e desentendimento, fruto de nossas imperfeições, (pois não existe no planeta, ninguém absolutamente hígido, com perfeita saúde biopsíquica) gera um círculo vicioso que assola todo o movimento espírita, enfraquecendo-o.
Como quebrar este círculo pernicioso? – Simplesmente, lembrando-nos de atender ao convite amoroso que Jesus e Kardec nos fizeram, buscando no Evangelho o manancial de amor e harmonia que necessitamos para preenchermos a nossa alma de motivação para a paz e deixarmos que ela aflore em nossos sentimentos, palavras e ações, ou seja, está na hora de conquistarmos as condições íntimas que nos propiciarão atendendermos ao apelo: Espíritas, uni-vos!
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