O QUE É O ESPIRITISMO?

26 de Agosto de 2013 2 Por JORGE Baldez

                 Nós que militamos na seara Espírita há algum tempo, em muitas ocasiões, vivenciamos situações, digamos, interessantes – como exemplo: O Sr. é espírita de mesa branca? Eu vou trazer a camisa do meu irmão para o Sr. fazer uma reza para ele parar de beber; ou a inusitada situação que um amigo vivenciou em dias próximos – ele estava no elevador do seu prédio, sozinho, preparando-se para sinalizar o seu andar, quando uma senhora, moradora do mesmo prédio vai entrando… — Boa noite, senhora! – disse o amigo. Ela nem respondeu ao cumprimento, mas foi logo perguntando: O Sr. é espírita? – Sim, ele respondeu.
— O Sr. está vendo o meu pai? — perguntou, a senhora — O seu pai? – disse confuso, já que só ele e ela estavam no elevador. –Claro. O meu pai, o espírito dele – é que ele morreu na semana passada, disse a senhora. — O meu amigo, um tanto sem graça, respondeu-lhe: não, senhora, eu não estou vendo o espírito do seu pai. — Mas, o Sr. não é espírita? É por isso que eu não acredito nessas coisas – disse ela insatisfeita!
O que é o Espiritismo? – dificilmente em uma reunião social deixamos de receber este questionamento e muitas vezes não somos felizes na resposta, que deve ser concisa, para esclarecer os mal-entendidos, além de suscitar a motivação de quem pergunta na expectativa que o seu próximo passo seja um livro da Codificação Espírita ou O que é o espiritismo, livro publicado em 1859 e recomendado por Allan Kardec – sumária exposição dos princípios da doutrina espírita…, segundo suas próprias palavras.
É oportuno citar que os mal-entendidos não são apanágio somente dos leigos; ou dos preconceituosos; ou dos precipitados adversários do espiritismo; mas, diria, até mesmo dos próprios espíritas. Muitos são os que desconhecem os fundamentos do espiritismo e se esquecem de algo extremamente importante: o espiritismo é uma doutrina que existe nos livros e precisa ser estudada.(1)
Allan Kardec definiu o espiritismo como uma ciência que estuda a origem, a natureza, o destino dos Espíritos e as relações que existem entre o mundo corporal e o mundo espiritual. Portanto, não utiliza como a ciência acadêmica, materiais palpáveis que permitem inúmeras repetições experimentais; o espiritismo com uma refinada lógica, lida com o psiquismo humano e com os espíritos, conscientizando-nos que após a morte conservamos as mesmas características habituais de quando militávamos o mundo corporal, o nosso livre arbítrio, ou seja, a nossa liberdade de escolha – nada muda na consciência, na ética, na moral do indivíduo que desencarnou; nem um de nós vira “santo” só porque se despiu da vestimenta carnal.
“O espiritismo é uma ciência de observação e se algum dia a ciência acadêmica provar que o espiritismo está errado, cabe aos espíritas, abandonar o espiritismo, nesse ponto e seguir a ciência. Caminhando ao lado do progresso científico, o espiritismo, jamais será ultrapassado, pois tudo que a ciência descobrir o espiritismo absorve, aceita.” (2)
Como bem enfatiza Sergio Aleixo, o espiritismo é uma doutrina tríplice constituída de ciência empírica, reflexão filosófica e religião natural, num resgate do cristianismo do Cristo.(3). O espiritismo explica-nos: Quem somos nós? De onde viemos? Por que sofremos? Para aonde vamos? Quais as razões dos obstáculos a ultrapassar e os desafios a vencer?
O espiritismo fundamenta o seu pensamento filosófico: na crença em Deus; na imortalidade da alma; na crença da comunicabilidade dos Espíritos; na crença da reencarnação; na crença da pluralidade dos mundos habitados. Tendo como pilar central – O Evangelho do doce e meigo Nazareno da Galileia que é o seu suporte ético-moral.
Além de ser uma ciência de observação é uma filosofia comportamental e uma Doutrina Ético-Moral, cujas consequências religiosas conduz a um entendimento, capaz de iluminar o nosso mundo íntimo, a nossa alma, para que a nossa jornada das trevas  para a luz seja mais lúcida, menos claudicante e penosa.
O espiritismo restabelece a beleza e o entendimento do Evangelho de Jesus o que nos possibilita a solução dos nossos problemas existenciais. Assim, aceitamos os desafios com resignação e coragem; e, entre o labor e os obstáculos da vida, entre o sofrimento e a alegria; entre a saúde e a doença vamos sedimentando experiências e transformando o homem velho cheio de viciações no homem integral, renovado pela conquista das virtudes, filhas do amor.
O espiritismo é uma luz que clareia a criatura humana nos lugares escuros da jornada, quando todas as outras luzes se apagarem; possibilitando que o ser acenda uma luz interna, clareando-se, primeiramente, para depois exteriorizá-la, sem fanatismo e sem proselitismo. “O verdadeiro espírita é o que respeita todas as crenças, prega a tolerância e a fraternidade entre todos, mas se sabe no direito e no dever de anunciar as verdades de que está convencido para oferecê-las ao mundo como uma possibilidade de evolução.” (4)
Graças ao espiritismo, agora eu sei que tudo que fizemos até aqui: as paixões, o egoísmo, o orgulho, o ódio, as lágrimas, as preces, os erros, os acertos nos troxeram a esse momento atual; e as nossas ações de hoje resultarão na herança do amanhã…
O espiritismo deixou claro que os exemplos e ensinamentos de Jesus, entendidos e praticados no dia a dia de nossas vidas não devem ser manipulados para dominar, enganar ou tirar proveito de quem quer que seja; mas, fundamentalmente para libertar as nossas almas das algemas da matéria através do único dogma capaz de redimir os nossos erros: o Amor.
Bibilografia:
(1) – Introdução à filosofia espírita. Cap. II, nº 2.
(2) – Palestra de Divaldo Pereira Franco.
(3) –  O que é Espiritismo. Sergio Aleixo.
(4) –  O que é Espiritismo. Sergio Aleixo. Prefácio de Dora Incontri.