AS GUERRAS SÃO JUSTAS?

1 de Outubro de 2013 1 Por JORGE Baldez

                Corria o ano de 1914 a paz e a prosperidade na economia do mundo já duravam havia mais de trinta anos, alguns problemas pairavam no ar: a satisfação não era unânime e a riqueza, embora ampla, estava muito longe de ser universal. Uns poucos pessimistas achavam que uma guerra europeia era cada vez mais iminente, em especial porque as grandes potências estavam divididas em dois campos rivais: a Tríplice Aliança ligava Alemanha, Áustria e Itália; a Entente incluía França, Rússia e Grã-Bretanha. O que estava fora das previsões era quando ela começaria, tampouco, que iniciaria com tanta rapidez.
Em um domingo, no dia 28 de junho de 1914, que o sol do verão banhava a maior parte da Europa, dia convidativo para um reconfortante banho de sol, mas aconteceu que…
O arquiduque Francisco Ferdinando, comandante-em-chefe do exército austríaco, herdeiro do trono austro-húngaro, fazia uma visita oficial a Sarajevo, capital da província da Bósnia, nos Bálcãs, porque recentemente a Bósnia, após décadas de ocupação militar fora anexada pela Aústria.
A Bósnia, convém lembrar, já respirava conspiração e os numerosos conspiradores bebiam o sangue amargo da derrota; mas eis que, naquela tarde do dia 28, o nacionalista iugoslavo Gavrilo Princip saltou sobre o carro aberto do arquiduque e atirou nele e em sua esposa. Era o prelúdio da Primeira Guerra Mundial.
O estopim do conflito estava aceso sem nenhuma perspectiva de ser apagado…, continuava queimando e, em poucas semanas, essas duas mortes levariam a milhares de outras. Foram mais de 9 milhões de combatentes mortos no período de 28 de julho de 1914 até 1918.
A Segunda Guerra Mundial foi um conflito global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo como os aliados: União Soviética, Estados Unidos, Império Britânico, França, China e Polônia.
Entretanto, entre todos os países da América Latina, o Brasil foi o único país a enviar tropas para os campos de batalha. Enviamos 25 mil soldados – os pracinhas da FEB (Força Expedicionária Brasileira) para lutarem na Itália na região de Monte Cassino, conquistando uma importante vitória ao lado dos Aliados.
É óbvio que um conflito desta magnitude deve ter causas, motivos desencadeantes. Uma das mais importantes foi o aparecimento, na década de 30, na Europa, de governos totalitários, militaristas e com obsessivos desejos expansionistas.
Na Alemanha, Hitler desejava expandir o território alemão, mas na realidade esta era apenas sua preocupação primária: a necessidade vital de espaço, para sair de uma nação de segunda categoria para o status de potência mundial; por isso, desrespeitou o Tratado de Versalhes, inclusive reconquistando territórios perdidos na Primeira Guerra, buscando, assim, meios de se vingar das humilhações sofridas por essa derrota.
Na Itália estava emergindo, forte e ambicioso o Partido Fascista, liderado por Benito Mussolini, que se tornou o Duce da Itália, com poderes sem limites.
Na Ásia, o Japão não tinha mais como esconder seus grandes desejos de expansão, uma vez que ambicionava os territórios vizinhos e ilhas de regiões próximas.
O estopim da Segunda Guerra aconteceu no ano de 1939, quando o exército alemão invadiu a Polônia. Imediatamente, a França e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha e surgiram duas alianças militares: Aliados e Eixo. Os Aliados ( Inglaterra, URSS, França e Estados Unidos) e Eixo ( Alemanha, Itália e Japão).
Foi o conflito mais abrangente da história com mais de 100 milhões de militares combatentes. Considerada a guerra mais letal da história da humanidade, resultando entre 50 a mais de 70 milhões de mortes.
Finalmente, antes de entrarmos na temática proposta se as guerras são justas, recordemos a Guerra do Iraque. As origens do conflito datam de agosto de 1990, quando Saddam Hussein ordenou a invasão do Kuwait.
O principal motivo para a guerra, segundo o ex-presidente norte-americano George W. Bush e o primeiro ministro britânico Tony Blair foi de que o Iraque estava desenvolvendo armas de destruição em massa. Havia uma suspeita, também, de uma suposta ligação entre Saddam e a Al-Qaeda. Não foram encontradas provas de nenhuma ligação com a Al-Qaeda, nem sequer a de que existia armas de destuição em massa.
Para alguns especialistas em política internacional, o objetivo principal da guerra foram as imensas reservas de petróleo do Iraque. A Guerra iniciou no dia 20 de março de 2003 e encerrou em 15 de dezembro de 2011, culminando com a prisão do ex-ditador na sua cidade natal, Tikrit, em um sábado, dentro de um buraco em um depósito, às 10 h (horário de Brasília) cheio de piolhos.
Temos, a partir deste momento, dois grupos que se antagonizam fundamentados em argumentos próprios: os que são contra a guerra; e o grupo que é a favor.
De que serve a guerra? Assim, os pacifistas iniciam as suas argumentações:
1- A vida humana é intrinsecamente valiosa e, na guerra vidas humanas são desumanamente desperdiçadas;
2-    Durante o conflito há inúmeros inocentes mortos “acidentalmente”;
3-  Os combatentes são inocentes e obrigados pelo governo a lutar, ao invés, eles prefeririam a companhia da família em seus lares;
4-    Referem que a violência nunca consegue resolver realmente nada;
5-    A guerra tem grande poder lesivo e jamais faz o bem, e cria problemas maiores;
6-    Um conflito armado jamais poderá ser justificado;
7-    A guerra não é aceitável em circunstância alguma;
8-   A guerra causa um imenso desgaste material, moral e espiritual.
Mas aqueles que contestam as argumentações dos pacifistas apresentam as suas razões:
1-   Na guerra, inocentes podem morrer, mas ter algumas pessoas mortas não é melhor do que deixar milhares – serem assassinados?
2-   São de opinião de que a violência pode sim resolver…, pois milhões de pessoas morreram durante a Segunda Guerra Mundial, mas se Hitler não fosse derrotado, certamente teria conquistado grande parte do mundo e provavelmente exterminado os judeus;
3-    Se um país pacífico é invadido, não tem o direito de se defender?
4-   Fundamentam-se na doutrina da guerra justa ( Bellum iustum ou jus ad bellum) que é um modelo de pensamento e um conjunto de regras de conduta que define em quais condições a guerra é uma ação moralmente aceitável;
5-   O conceito de guerra justa foi cunhado pelo bispo Agostinho, de Hipona, que se inspirou em Cícero e assim buscou argumentos usados para justificar as Cruzadas. Além de Santo Agostinho, Tomás de Aquino, considerados grande doutores da Igreja Católica, eles tentaram conciliar a guerra com os ensinamentos de Jesus;
6-   A guerra só deve ser iniciada como último recurso, e principalmente, quando puder ser vencida;
7-   A guerra embora trágica, destrutiva é um mal inevitável em um mundo maligno;
8-  Como Samwise Gamgee personagem de O Senhor dos Anéis: As duas torres, “existe algum bem neste mundo, Sr. Frodo, e vale a pena lutar por ele”.
Sabemos que existem muito mais argumentações, tanto dos pacifistas, quanto dos que acham as guerras justas, entretanto, nenhum dos dois argumentos são capazes de nos contentar, o que tornaria longo e exaustivo o exercício de nossa argumentação. O que realmente pretendemos é saber a sua opinião: a qual dos dois grupos você pertence?
Recentemente, o mundo se escandalizou com imagens exibindo as vítimas do ataque com gás químico ou venenoso na Síria. Sabemos hoje que o número de mortos já ultrapassam 1400 pessoas, entre elas mais de 400 crianças.
Os locais dos ataques são os redutos dos rebeldes na região do Ghouta, especialmente as cidades de Irbin, Jobar, Zamalka e Ein Tarma. E a oeste da capital Síria, na cidade de Muadhemiya.
Segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) os médicos em serviço atenderam em três hospitais próximos de Damasco mais de 3600 pessoas com sintomas neurotóxicos, cerca de três horas após o ataque químico, as vítimas não apresentavam ferimentos, mas extrema dificuldade de respirar e convulsões. Contudo, a questão se centra em: é justo iniciar um bombardeio sobre a Síria? Ou é melhor cantar:
Homens poderosos dessa terra,
Esqueçam-se da guerra,
Reparem no poder de uma canção.
Música é a mistura das bandeiras,
O som não tem fronteiras:
É made in coração.
Pense bem, pois sua opinião é de grande importância.
Bibliografia:
1- História em Revista – O mundo em armas – Abril livros. Time Life.
2- O Hobbit e a Filosofia. Capítulo 8: A Guerra Justa de Tolkien.
3- Wikipédia, a enciclopédia livre.
4- Mandel, Ernest. “O significado da Segunda Guerra Mundial”. Ed. Ática, 1989.
5- Made in coração – letra da música de Toquinho e Sadao Watanabe.