A Doença, o Doente e a Cura na visão Médico-Espírita

20 de Abril de 2015 3 Por JORGE Baldez

                         A trilogia doença, doente e cura é de natureza essencialmente complexa e também das mais relevantes no processo evolutivo da criatura humana, por isso, motivo de pesquisas em todas as áreas do conhecimento.
O passo inicial para decifrar essa trilogia foi levantar o véu da compreensão do que entendemos como saúde/doença.
Antes de 1988 a Organização Mundial de Saúde (OMS) definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e socioeconômico do ser humano – uma visão um tanto cartesiana, reducionista e organicista da natureza humana. Posteriormente, a OMS com uma visão mais ampla, holística, estabeleceu que saúde: é o completo bem-estar biológico, psicológico e espiritual da criatura humana.
A OMS com clareza e sapiência estabeleceu também sobre o binômio saúde/doença, que saúde não é a falta, não é a ausência de doença, pois durante muito tempo acreditamos que uma pessoa saudável era aquela que não estava doente doente. Opa! Tenho a percepção que devo esclarecer para um melhor entendimento… Não se preocupe vamos solicitar a ajuda do Dr. Bernie Segal…
Dr. Bernie Segal especializado em cirurgia oncótica, paladino da saúde integral nos diz no livro de sua autoria e intitulado: Amor, Medicina e Milagres (1) que, um indivíduo pode estar saudável, mesmo com um câncer em desenvolvimento; tecnicamente, ele estaria doente, mas como o câncer ainda não atingiu os seus feixes nervosos, consequentemente, seu cérebro ainda não detectou a dor — então, ele ainda está com saúde. Portanto, a saúde é esse bem-estar, que nós podemos e devemos manter independentemente de nosso distúrbio orgânico. Assim, é possível manter a saúde, o bem-estar, o estado de espírito, apesar dos distúrbios orgânicos que tivermos.
Prosseguimos com dois exemplos par um maior esclarecimento da questão: Ela era cega, diabética e tinha câncer, mas se recusou a morrer e sobreviveu às previsões estatísticas. Enquanto viveu dedicou a maior parte do tempo encorajando outros doentes.
A mente pode influenciar positivamente o nosso corpo físico e a doença física não nos impede de servir e amar!…
Ela não era portadora de câncer, apenas um dos seus órgãos, portanto, ela independia do câncer — o câncer é que dependia dela. Ela era a alegria, o otimismo, era o bem-estar espiritual, por isso era, saudável, embora portadora de diabetes, fosse cega e um dos órgãos tivesse câncer.
Eu trabalhei durante oito anos no Asilo de Mendicidade e aos meus cuidados médico profissionais tinha sempre cerca de 30 a 40 idosos. Lembro-me de uma idosa de 98 anos. Ela era alegre, sorridente, brincalhona. Diferenciava-se também das outras idosas porque não adoecia, não tinha infecção respiratória, tampouco diarreia. Era saudável. Certo dia, durante o banho, a auxiliar de enfermagem notou algo endurecido na sua mama esquerda. Examinei-a e constatei um volumoso tumor de mama. Ela nunca tinha referido qualquer queixa em relação à sua mama. Carregava aquele indesejável hóspede sem nem mesmo se dar conta dele.
O exame histopatológico confirmou o diagnóstico. Ela foi avaliada por uma oncologista e enquanto aguardava para ser atendida, fez o maior sucesso, espalhando alegria e sorrisos… Desencarnou dois anos após o diagnóstico por outra causa.
Nunca esqueça amigo(a), que nós temos condições interiores capazes de qualificar os dias de nossas vidas, enquanto portadores de distúrbios orgânicos. Mesmo que não sobrevenha a cura. O importante não é a doença, mas o estado de espírito, de bem-estar, de otimismo, de consciência tranquila, de paz, de esperança, que possuímos enquanto doentes. Nós somos capazes de mobilizar recursos internos para a nossa cura ou bem-estar espiritual.
O corpo físico jamais poderá sobrepujar a mente e vencê-la. Eu, você, nós somos superiores ao corpo físico — é a mente que nos dirige, portanto, persista, tenha fé e siga em frente com serenidade.
Aproveitemos o Dr. Bernie Segal em outro caso extraordinário. Trata-se de uma jovem enfermeira que trabalhava em um hospital de sua cidade. Ela recebeu o diagnóstico de uma doença degenerativa – Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Friamente o médico disse que ela teria uma sobrevida de apenas um ano e em seguida perguntou-lhe: a senhora deseja ser útil à humanidade? E sem nem mesmo esperar a resposta completou — assine aqui doando o seu corpo para experiências médicas…, é óbvio, que ela se recusou a doar o seu corpo a alguém, que, sem emoção, tinha lhe tirado toda a sua esperança e a razão de viver.
A enfermidade foi evoluindo, imobilizando-a dia a dia. Ela não caminhava mais, chegando ao ponto de passar a locomover-se em cadeira de rodas.
Em um final de dia, quando o sol amarelo-ouro teima em iluminar, projetando os seus últimos raios para em seguida desaparecer no horizonte, ela olhou-se no espelho e com toda veraz do seu sentimento odiou o seu corpo. Descobriu, naquele momento, que sempre tinha odiado o seu corpo. Achava-se incapaz de desfrutar um segundo de felicidade e muitos menos de conquistar a paz.
Olhou demoradamente para aquele corpo desprezível, caído, disforme com total desdém, então, desejou morrer…Continuou pensando… Eu não mereço viver!… Mas em apenas seis meses completarei 24 anos, sou muito jovem!… Nunca ouvi uma declaração de amor – eu amo você!
Ela continuou buscando nos arquivos da memória lembranças de sua vida: sua infância, adolescência, vida adulta, relembrou alguns raros momentos alegres, que para sua felicidade iluminaram os pensamentos sombrios de deixar a vida, afugentando-os… Num insight que estes momentos de reflexão costumam proporcionar, ela lembrou-se que havia lido um artigo de pesquisadores de Havard, que estavam estudando a influência das emoções sobre o sistema imunológico.
Os pesquisadores partiam de dados do estudo do psicólogo Robert Ader, PhD, Diretor da Divisão de Medicina Comportamental e Psicossocial da Faculdade de Medicina de Rochester. Ele dirigiu uma experiência marcante em que demonstrou que ratos recebendo uma droga supressora do sistema imunológico podiam ser condicionados a continuar a suprimir o sistema imunológico após a retirada da droga. Esta experiência ampliou a compreensão do que os seres humanos podem ser capazes de controlar no próprio corpo.(2)
Dados desse estudo possibilitam compreender a importância da interação mente/corpo e que, através da mente, o indivíduo pode corrigir seu próprio metabolismo orgânico e restabelecer o equilíbrio fisiológico.
Em uma conferência em Havard, diante de uma plateia de doutores, ele, ao invés de se ater ao assunto, começou a ler um livro intitulado: O amante de Lady Chatlerley no capítulo erótico – onde são descritas as cenas mais envolventes de caráter sexual.
Continua em complemento.