Reflexão Teológica II

25 de Outubro de 2015 3 Por JORGE Baldez

                      Deus existe? — Bem, se a pergunta fosse ao intelectual e revolucionário alemão Karl H. Marx, certamente, ouviríamos um sonoro, não. Mais: “A religião é o ópio das massas.” O que seria imediatamente aplaudido pelos filósofos Friedrich Nietzsche e Arthur Schopenhauer.
Friedrich Nietzsche apresentou exultante um pensamento estereotipado no materialismo quando afirmou: “Senhores acabei de matar Deus, não temos necessidade de Deus, nós temos a razão que nos leva a pensar. Deus! Para quê?
Na Europa Medieval, a igreja era redentora de todo o poder, coroando reis, detendo a posse das terras, enfim, era a provedora da verdade, assumindo a posição de conhecedora de tudo. Seu dogma era a lei. Ela não apenas legislava sobre o funcionamento do mundo espiritual no que se referia ao céu, inferno e purgatório; mas dizia, também ao universo físico como ele deveria se comportar.
Nicolau Copérnico teve a ousadia de desafiar a igreja, publicando um livro, no qual sugeria que o centro do universo era o Sol, e, não, a Terra, como era a crença dos religiosos da época. A igreja, então, não só proibiu a leitura do livro como incluiu todo o trabalho de Copérnico em seu índex de livros proibidos, mantendo essa proibição durante 292 anos. Felizmente, N. Copérnico morreu de causa natural, antes que a igreja pudesse molestá-lo.
Entretanto, o mesmo não aconteceu com Giordano Bruno que confirmou os cálculos de Nicolau Copérnico e formulou a teoria de que o sistema formado pelo Sol e seus planetas poderia ser apenas um entre muitos outros semelhantes em um universo infinito. Por essa terrível blasfêmia foi julgado e condenado pela inquisição como herético e queimado vivo.
Galileu Galilei também afirmou que a Terra girava em torno do Sol. Foi preso e torturado durante seis meses. Só não morreu enforcado, porque era amigo pessoal do Papa que o convenceu a dizer o contrário, em público, ladeado por dois inquisidores. A ele é atribuída uma frase: E pur, se muove ( E, contudo, ela se move). Teria sido um desabafo, reafirmando o movimento da Terra em torno do Sol, após a sua negativa pública, não obstante estivesse sob a ameaça dos inquisidores.
Quando Galileu Galilei afirmou que não era o Sol, mas a Terra que girava criou dois graves problemas para os religiosos da época. O primeiro deles era porque se acreditava que Deus criou o Sol acima do firmamento, logo seria impossível para a concepção da época, que a Terra girasse em torno do Sol. Quanto ao segundo, existia uma crença de que o céu era em cima e o inferno em baixo. Se a Terra girasse, seria uma alegria para os habitantes do inferno, pois fariam uma excursão ao céu; de igual modo, os habitantes do céu iriam sentir o “calorzinho” do inferno. Esperamos 250 anos para assimilar essa verdade proposta por Galileu, que fundamentou a sua descoberta na observação empírica e na utilização da Matemática, por isso foi chamado o “Pai da Ciência Moderna.” Ele só foi inocentado pela igreja em 1994, cerca e 500 anos depois.
Daí, passamos para outra era e, o mundo passou a viver em função da Física Newtoniana e seu modelo mecanicista do mundo. Durante 300 anos os cientistas de todo o mundo acreditaram que a Física de Isaac Newton era a descrição exata do funcionamento da natureza. Newton via o mundo como uma máquina funcionando em um espaço tridimensional.
A geração de cientistas depois de Newton, livres das restrições do dogma religioso e inteiramente concentrados na máquina do universo declararam não haver necessidade de Deus, tampouco da espiritualidade e buscaram vingança, decretando ser fantasia tudo o que não pudesse ser visto ou medido. Muitos cientistas, a partir de então, se tornaram tão dogmáticos, quanto as autoridades da igreja.
Os cientistas declararam com segurança farisaica que nós somos pequenas máquinas circulando por um universo mecânico e previsível, governado por leis aleatórias.
Aos seguidores de Charles Darwin coube o nocaute final ao triunfo materialista, quando afirmaram: “Não somente não existe Deus e, logo, uma inteligência criativa dirigindo o desenvolvimento da vida intergaláctica, mas nós mesmos, antes o centro do mundo, não somos, senão mutações aleatórias, portadores de um DNA, que vive uma jornada em busca de evolução, em um universo sem sentido.”
Agora, estava aberta a cratera, o fosso entre a Ciência e a Religião, estávamos vivendo em um universo essencialmente, materialista e mecanicista.
Felizmente, no alvorecer do século XX começamos a desatar o nó do materialismo, através da Ciência, mais precisamente de alguns cientistas. E, não só cientistas, mas, o cientista do quilate de Albert Einstein que, ao lado de outros fundadores da teoria quântica, declararam ao mundo: “Se investigarmos bem a fundo a matéria, ela desaparecerá e se transformará em energia incomensurável.” Se seguirmos os exemplos de Galileu Galilei e procurarmos descrevê-la, matematicamente, descobriremos que o universo não é nada material. O universo físico é essencialmente não-físico e pode se originar de um campo ainda mais sutil que a própria energia, mais semelhante à inteligência ou à consciência do que à matéria.” Continuaremos no artigo Reflexão Teológica III.

Referências:
1- Deus a Evidência – Patrick Glynn