Reflexão Teológica IV

19 de Novembro de 2015 3 Por JORGE Baldez

                Deus existe? O assunto é vasto, polêmico no mundo científico, embora no fosso construído entre a ciência e a religião, já exista uma ponte bem promissora, representada por uma plêiade de cientistas que já conseguem colocar um pé na razão e outro na espiritualidade. Entretanto, ainda temos ateus convictos como Richard Dawkins formado pela Universidade de Oxford.
Em abril deste ano, a Superinteressante publicou uma entrevista em que ele – professor emérito de Oxford, sem meias palavras, detona Jesus, provoca psicanalistas, esculacha as cotas raciais e declara que já está na hora de ele experimentar LSD de uma vez. Ao final da entrevista de três horas responde sarcasticamente à pergunta do entrevistador: Se você pudesse ressuscitar alguém e levar para jantar, quem seria? — Jesus seria um bom candidato — respondeu. Eu adoraria dar uma cópia em aramaico de “Deus, um Delírio” para Cristo, e aí ter uma conversa com ele.
“Se Charles Darwin pretendeu “matar Deus” ao mostrar que a vida complexa surgiu basicamente do nada, Richard Dawkins “matou o homem”, porque tirou os indivíduos: nós, do centro do palco da evolução, elevando o DNA, a matéria-prima dos genes, ao papel principal. O sucesso do livro, por outro lado, matou Richard Dawkins cientista. Transformou-se em escritor e ateu ferrenho e passou a vociferar contra todas as crenças.” (1)
Com uma determinação hercúlea eu consegui chegar até a última página do livro Deus, um Delírio de sua autoria. Suportei todos os insultos e todo o menosprezo irônico do autor: fiéis recalcados, portadores de falsas crenças, portadores de delírio e insanidade, os semi-idiotas, patuleia(classe social baixa; plebe. ralé).
Ele e outros homens da ciência acreditam na casualidade, ou seja, a vida é o resultado aleatório de combinações de elementos físicos e químicos, formando corpos e os seres. A casualidade deveria ser acontecimento estatisticamente esporádico, um fenômeno que acontece uma vez, e nunca mais… Mas acreditar em uma casualidade que se repete continuamente, gerando estrelas, cometas, planetas, dirigindo a embriogênese na formação de seres humanos, seres microscópicos, o ar, o oxigênio, os animais, as árvores, flores e tudo o mais… é de uma ingenuidade ímpar e muito difícil de aceitar.
Caro leitor(a) não estou querendo provar a existência de Deus. Provar o óbvio! Para quê? É simplesmente uma reflexão que busca deixar claro que a existência de Deus não é uma premissa, mas uma realidade incontestável.
É responder aos que defendem o princípio de casualidade, que essa crença é porosa, frágil e fragmenta-se com muita facilidade. Sir Frederick Hoyle ilustrou a fraqueza do “acaso”, da “casualidade” com a seguinte analogia. “Qual é a chance de um tornado soprar sobre um ferro-velho que contém todas as peças de um Boeing 747; montá-lo por acidente e deixá-lo pronto para decolar? A possibilidade é tão ínfima a ponto de ser negligenciada, ainda que um tornado soprasse sobre ferros-velhos suficientes para encher todo o universo.” (Little, pág. 24)
Mais simples: Essa outra experiência consiste em levar tijolos e a massa para cima de um andaime e lançar esse material ao solo tantas e infinitas vezes; pretendendo conseguir construir uma parede de um metro de comprimento, por 20 cm de largura, alinhada e no prumo.
Se o acaso, a casualidade conseguir, então, Deus não existe. Um planeta complexo como o nosso e infinitas galáxias pouco exploradas ou desconhecidas ainda, e tudo se movimentando a distâncias matematicamente exatas; com tantos mistérios além das estrelas na imensidão cósmica. Enfim, tudo nos indica para um grande Arquiteto que, intencionalmente, criou o nosso universo, quanto o sustenta, até os nossos dias atuais.
A Terra localiza-se em uma posição exata em relação ao Sol. O nosso planeta gira em torno do seu eixo com uma velocidade de 1700 km/h e simultaneamente em torno do sol com a velocidade de 107.825 km/h, mantendo sempre uma distância perfeita do sol. Se a Terra girasse em uma velocidade dez vezes menor em torno do sol seria impossível que a vida existisse na Terra, porque o dia teria 120 h e o calor seria responsável  pela destruição da vida; por sua vez, a noite também teria 120 h e, caso escapasse alguma forma de vida do calor, seria destruída pelo frio da noite. Diante dos fatos não consigo imaginar uma casualidade, mas uma lei causal, por isso nós cremos em Deus.
A água tão essencial para a vida no nosso planeta é a única entre as moléculas, que é mais leve em estado sólido, que em estado líquido. Então, a água congela de cima para baixo, formando uma crosta. Por isso, o gelo flutua. Se isso não acontecesse os oceanos congelariam de baixo para cima e a Terra, agora, estaria coberta de gelo.
O paleontólogo americano Stephen Jay Gould acredita que nenhuma teoria, nem mesmo a da evolução, pode ser vista como uma ameaça às crenças religiosas, “porque essas duas grandes ferramentas da compreensão humana trabalham de forma complementar, e não oposta: a ciência para explicar os fenômenos naturais e a religião como pilar dos valores éticos e da busca por um sentido espiritual para a vida.”
Francis Collins, que foi diretor do Projeto Genoma Humano e hoje dirige os institutos Nacionais de Saúde (NIH), principal órgão de ciência do governo nos EUA. Para ele, a prova da existência de Deus é chamada sintonia fina. por essa tese, o Big Bang obedeceu a alguns parâmetros muito precisos e coordenados entre si. Se a força que mantém unidos os prótons e os nêutrons fosse um pouco menor, por exemplo, só o hidrogênio teria se formado, consequentemente, não existiria a matéria-prima da vida, o carbono. Para Collins, nossa existência depende de tantas variáveis, numa combinação matematicamente tão improvável, que não pode ser uma casualidade. ” A sintonia fina não é acidental. Ela reflete ação de algo que criou o Universo.”
Referências:
1- Revista Superinteressante – edição 349 de julho 2015, pág. 56; Richard Dawkins: “Quero jantar com Jesus.” (1)
2- Espiritismo e Ciência, pág. 30;
3- E. Little, Saiba O Porquê Você Acredita, Victor Books, pág. 22
4- Deus, um Delirio, Richard Dawkins.