A “Cerurgia” do Vôzinho

10 de Junho de 2018 12 Por JORGE Baldez

                                           Nós os andarilhos do planeta em sucessivas reencarnações, quase sempre, entre choros e risos, tristezas e alegrias, assemelhamo-nos tal qual lagartas disformes e descoloridas, encarceradas em casulos, aguardando o momento sublime da metamorfose moral, que nos libertará para voos mais altos nas esferas espirituais; assim, como o primeiro voo majestoso da borboleta que abandona seu casulo para desfilar nos jardins e pomares; colorida e com encantadora beleza.
O que o ser humano tem de parecido com a metamorfose da lagarta? Nenhum — O processo de transformação das borboletas ocorre sempre da mesma forma, portanto a metamorfose se utiliza do automatismo celular e do instinto, que é uma nota monótona, que se repete, ou seja, a primeira lagarta e a última se repetirão, procriarão no mesmo ritmo, sempre  igual.
Entretanto, as criaturas humanas têm uma participação ativa no seu processo de transformação para credenciarem-se aos “pomares e jardins” das esferas divinas e, aí, está a grande diferença; pois o ser humano necessita de reforma íntima, para implementar o seu processo evolutivo, ao invés, agimos no cotidiano como se fôssemos lagartas à espera inevitável da transformação em borboletas, sem esforço, sem trabalho e sem mudanças dos sentimentos, da ética e da moral.
E, inesperadamente, em um dia como outro qualquer, recebemos a visita do adoecer que abre a porta silenciosamente e instala-se ali, quieto, sagaz, aguardando a hora de anunciar os primeiros sinais e sintomas de sua presença. Sentimos algo estranho e pensamos — deve ser passageiro, o mundo lá fora e os afazeres da matéria me esperam e, é, ao seu chamamento que devo obedecer.
Ao apresentar-se, a doença, hóspede inesperado e indesejado, pedindo longa hospedagem, também traz consigo um rico processo de conscientização e despertar do sonambulismo do dia a dia; traz consigo o anúncio da correção do nosso caminho e caminhar; alerta-nos dos tropeços da vida sombria que alimentamos durante tanto tempo e aponta-nos todas as perspectivas luminosas da vida real e perene. Só então lembramo-nos da necessidade da oração, da amizade sincera, da ética, da moral, do sorrir e abraçar — do dizer: eu te amo…
Só assim o ser, em fase de correção, já sensibilizado pela auspiciosa visita, ao ouvir a voz e o choro de um pequeno anjo aqui na Terra, sente uma irradiação de amor alcançar o seu coração, penetrar sua alma, balsamizando sua recém-aberta ferida — era a sua doce netinha, pedindo para falar com o vô ao telefone, sobre a “cerurgia do vôzinho”, então, ele cambaleia e desmorona em lágrimas…
Acalma-te, ninguém está tão firme que não possa cair. As respostas do Senhor são sempre em nosso favor, embora, às vezes, em nossa visão limitada, pareçam contra nós.
Como cita Chico Xavier: “Convence-te de que não existem males eternos. Toda a dor chega e passa”.
“Não é preciso desespero nem preocupação; tudo acontece como tem que acontecer” — Hammed.