Homossexualismo: Uma reflexão.

2 de Agosto de 2018 4 Por JORGE Baldez

                                           Após ligar o computador e sentar-me para escrever sobre um tema tão complexo, polêmico, minado de violência e preconceito, me dei conta das minhas limitações e, mesmo sendo médico com algum conhecimento de psicologia transpessoal, foram meus estudos da Doutrina Espírita que me deram a coragem para seguir em frente com o desejo de me expressar da maneira mais lúcida possível em busca de um esclarecimento satisfatório a respeito da grande rejeição que esse tema suscita no mundo atual.
A primeira reflexão que me vem à mente é: a homossexualidade é uma doença? Em 1952, a Associação Americana de Psiquiatria tornou público através do seu primeiro Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, que a homossexualidade era considerada uma doença mental. Entretanto, somente em 1977 a  OMS(Organização Mundial de Saúde) fez constar o homossexualismo na classificação internacional de doenças(CID) reconhecendo-a como uma doença mental.
Duas décadas mais tarde dia 17 de maio de 1990 ficou conhecido como o dia internacional contra a homofobia. Tal fato se deve porque, nesse dia, a OMS retirou o homossexualismo da lista internacional de doenças, deixando, assim, de ser um problema de saúde pública, tornando a opção sexual, daí em diante, a ser entendida como escolha. Hoje, não é mais considerada uma doença, e sim uma preferência. Embora a maioria dos países caminhe na trilha dessa compreensão, o desafio persiste nas culturas de alguns povos que insistem na rejeição ao direito de opção sexual, gerando preconceito e violência, inclusive, até a condenação penal.
Relembremos 1935, quando o austríaco Sigmund Freud um dos fundadores da psicanálise recebeu uma carta de uma mãe, que pedia ajudasse seu filho. Pelo teor da carta, Freud deduziu que tratava-se de um homossexual, e que a mãe desejava fosse “curado” — tão debatida no mundo atual de “cura”gay. Não tenho dúvidas que a homossexualidade não representa uma vantagem — respondeu Freud, no entanto, também não existem motivos para se envergonhar dela, já que isso não supõe vício nem degradação alguma. Não pode ser qualificada como uma doença e nós a consideramos como uma variante da função sexual. É uma grande injustiça e também uma crueldade, perseguir a homossexualidade como se fosse um delito — concluiu Freud.
Outra reflexão diz respeito ao campo religioso, aqui se mesclam fanatismo, violência e um profundo desconhecimento dos ensinamentos de Jesus, porque grupos cristãos radicais baseiam-se em passagens bíblicas do Antigo Testamento para condenar a homossexualidade: Levítico 18:22 e 20:13: “Com varão(homem) te não deitarás, como se fosse mulher; abominação é.”
Li recentemente um texto escrito por Marcelo Saad onde ele cita: Quem respeita todos os mandamentos do Antigo Testamento são os judeus ultraortodoxos. Alguns exemplos incluem: não comer misturas de leite e carne (Exôdo 23:19); não andar fora dos limites da cidade no Shabat (Exôdo 16:29); os homens não devem raspar a barba com uma navalha (Levítico 19:27). Assim, alguém que faça a barba para viajar ao litoral no sábado para comer um cheeseburger já estará infringindo três mandamentos. O bom senso nos diz que esses mandamentos não se aplicam mais em pleno século XXI…
Ao lermos Deuteronômio 25:11-12 nos deparamos com mais um mandamento que diz respeito ao passado, ao primitivismo da época: 25:11. “Quando pelejarem dois homens, um contra o outro, e a mulher dum chegar para livrar a seu marido da mão do que o fere, e ela estender a sua mão, e lhe pegar suas vergonhas(entenda genitália)”: 25:12.  Então cortar-lhe-ás a mão… Será que esse absurdo se aplica ao nosso mundo atual? — Certamente, o marido seria preso e condenado pelas nossas leis vigentes. Portanto, o Antigo Testamento refere-se às leis do passado compatíveis com os povos bárbaros da época, que estavam ainda na “infância da humanidade”, limitados pelo baixo nível individual e coletivo de consciência, ou seja, as leis mosaicas vigentes.
Moisés, convém lembrar, como figura no Antigo Testamento, foi fiel ao PAI, ele foi a porta, mas Jesus é a chave e somente ELE abriu a porta da vida e apontou-nos o caminho da redenção espiritual. Combateu pacificamente todas as violências oficiais do judaísmo, renovando a Lei Antiga de Moisés com a doutrina do esclarecimento, da tolerância e do perdão.
Moisés ensinou que Deus é zeloso, mas ditador, ciumento e vingativo; Jesus ensinou que Deus é um PAI misericordioso. Moisés ensinou que os Judeus era o único povo eleito; Jesus ensinou que todos são irmãos. Moisés ensinou a temer a Deus; Jesus a amar a Deus; Moisés ensinou a pena de Talião: Olho por olho, dente por dente; Jesus ensinou o perdão, a misericórdia e a fraternidade.
Jesus nos trouxe a grande síntese da vontade do PAI, através dos seus ensinamentos: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Por isso esteve entre pecadores, prostitutas, coletores de impostos, assassinos e certamente acolheria um homossexual como seguidor, ao invés de descriminá-lo ou incitar a violência contra ele. O Antigo Testamento é passado, diz respeito ao tempo de barbárie, e nós evoluímos, não há mais espaço para esses mandamentos no mundo atual.
Hoje nós filhos de uma nova consciência, estimulada pelo amor; por princípios éticos e morais da Boa Nova do Evangelho de Jesus. Essa é a fonte onde devemos saciar a nossa sede e o alimento divino para o nosso espírito ainda tão faminto e esquálido de paz e amor…
Acredito que nenhum religioso ou religião ou qualquer argumento teológico possa prescrever hostilidade, violência ou perseguição aos homossexuais.
Haverá sempre uma luz para todos nós, quando todas as outras se apagarem — Jesus.