Espírita, por quê? II

20 de Agosto de 2018 2 Por JORGE Baldez

                              Ao iniciar meus estudos religiosos percebi que, diferentemente das outras opções, o Espiritismo me fez um convite à reflexão sobre o ser e sua imortalidade, restaurando os postulados evangélicos e descortinando um caminho de paz e plenitude através da renovação moral da criatura humana, preparando assim o alicerce para alcançarmos o ápice dos sentimentos que é o amor.
O Espiritismo fundamenta o seu pensamento filosófico: na crença em Deus; na imortalidade da alma; na crença da reencarnação; na crença da pluralidade dos mundos habitados. Tendo como pilar central — O Evangelho do doce e meigo Nazareno da Galileia que é o seu suporte ético-moral. E mais: esquecimento temporário das existências passadas, fé raciocinada, lei da evolução e lei do amor.
Quando li a questão nº 1 do Livro dos Espíritos — Que é Deus? — sem dúvida estava no caminho certo, porque a pergunta assim formulada desumaniza Deus, além de produzir uma revolução teológica, filosófica e ética, pois pela primeira vez se fez a pergunta correta a respeito de Deus, pois a religião oficial ao fazer esta indagação fê-la de natureza antropomórfica — Quem é Deus? — na própria pergunta estava embutida a resposta — o que equivale a perguntar — Que homem é Deus? Entretanto, Allan Kardec interroga — Que é Deus? — Deus é a inteligência suprema do Universo, causa primeira de todas as coisas.
Desumanizado, se estabelece o fim do Deus-pavor e inicia-se a era do Deus-amor. O Deus que não nos pune, mas ama indistintamente a todos.                                                                     Portanto, carece de importância, apenas asseverar a existência de Deus ou mesmo que Deus é fiel, pois o verdadeiro significado da SUA existência é vivermos dia a dia com dignidade, respeito, gentileza e gratidão para que ELE acredite em nós e em nossa fidelidade…
Allan Kardec avança em suas indagações e na questão nº 4 — Como se pode ter uma prova da existência de Deus? — Os Espíritos dão uma resposta de beleza invulgar: simples e profunda. Em um axioma que aplicais às vossas ciências; todo efeito provém de uma causa, logo examinai a causa de tudo; o que não é obra do homem a vossa razão vos responderá, foi feito por Deus. Era a resposta da lógica, abrindo um elenco de informações desta obra monumental — O Livro dos Espíritos, que é uma síntese filosófica-científica, que nos traz a realidade de Deus.
Quanto à imortalidade é uma crença admitida desde os tempos imemoriais e bastante difundida nas filosofias e religiões orientais e ocidentais. Foram as ideias de Sócrates que consolidaram o conceito de de existência e sobrevivência da alma:”Se a morte fosse mesmo o fim do mundo, seria isso ótimo negócio para os perversos, pois ao morrer teriam canceladas todas as maldades, não apenas do seu corpo mas também de sua alma.”
Como bem enfatiza Sergio Aleixo, o espiritismo é uma doutrina tríplice constituída de ciência empírica, reflexão filosófica e religião natural, num resgate do cristianismo do Cristo.(1). O espiritismo explica-nos: Quem somos nós? De onde viemos? Por que sofremos? Para onde vamos? Quais as razões dos obstáculos a ultrapassar e os desafios a vencer?
Além de ser uma ciência de observação é uma filosofia comportamental e uma Doutrina Ético-Moral, cujas consequências religiosas conduz a um entendimento, capaz de iluminar o nosso mundo íntimo, nossa alma, para que a nossa jornada das trevas para luz seja mais lúcida, menos claudicante e penosa.
O espiritismo restabelece a beleza e o entendimento do Evangelho de Jesus o que nos possibilita a solução dos nossos problemas existenciais. Assim, aceitamos os desafios com resignação e coragem; e, entre o labor e os obstáculos da vida, entre o sofrimento e a alegria; entre a saúde e a doença vamos sedimentando experiências e transformando o homem velho cheio de viciações no homem integral, renovado pela conquista das virtudes, filhas do amor.
O espiritismo é uma luz que clareia a criatura humana nos lugares escuros da jornada, quando todas as outras luzes se apagarem; possibilitando que o ser acenda uma luz interna clareando-se, primeiramente, para depois exteriorizá-la, sem fanatismo e sem proselitismo. “O verdadeiro espírita é o que respeita todas as crenças, prega a tolerância e a fraternidade entre todos, mas se sabe no direito e no dever de anunciar as verdades de que está convencido para oferecê-las ao mundo como uma possibilidade de evolução.”(2).
Espírita, por quê? — Porque graças ao espiritismo, agora eu sei que tudo que fizemos até aqui: as paixões, o egoísmo, o orgulho, o ódio, as lágrimas, as preces, os erros, os acertos nos trouxeram a esse momento atual; e as nossas ações de hoje resultarão na herança do amanhã…
O espiritismo deixou claro que os exemplos e ensinamentos de Jesus, entendidos e praticados no dia a dia de nossas vidas não devem ser manipulados para dominar, enganar ou tirar proveito  de quem quer seja;  mas, fundamentalmente para libertar as nossas almas das algemas da matéria através do único dogma capaz de redimir os nossos erros: o Amor.

Bibliografia:
(1)- O que é o Espiritismo. Sergio Aleixo.
(2)- O que é o Espiritismo. Sergio Aleixo. Prefácio de Dora Incontri.